Um pouco do que é ser adulto e querer criar...ou não

"Tem dias que a gente se sente
um pouco, talvez, menos gente..."

E esses dias têm sido cada vez mais frequentes pra mim. De repente, me percebo envelhecido: triste, chato, mal-humorado, neurótico... Nada, ou quase nada, satisfaz... As tardes incomodam, acordar cedo incomoda, dormir cedo incomoda, dormir tarde também. De repente, parece que foi tudo um grande erro. As escolhas da juventude, os caminhos escolhidos, aquilo tudo de que já abri mão, as chances abandonadas no meio da história. Ao mesmo tempo, nada do que eu sou, do que eu penso hoje, seria igual se não fossem todos esses erros cometidos. As decisões aparecem o tempo todo, a cada passo que eu dou, a cada degrau do térreo até o meu apartamento, a cada segundo no meu relógio... os meus talentos estão perdidos, guardados em algum baú, em alguma estante, em algum caderno de desenho perdido, em blocos de anotações. Aos vinte e cinco anos me sinto com os ombros cansados. Carrego fardos bem mais leves que o de tantos outros, mas pesados demais. Não tenho medo em admitir minhas fraquezas - eu nunca tive. Sinto sono acumulado de vários dias. Me reanimo a cada sorriso da companheira ideal e perfeita (mesmo que imperfeita), ao meu lado a cada dia, enxugando todas as minhas lágrimas. O dinheiro ilude meus sentidos, minha noção, minha consciência perturbada. Estalam ideias e planos e sonhos e projetos...até quando vou ser feito de só ideias e nenhuma ação? Até quando vou viver trancado dentro de mim? A vida está me chamando, mas eu insisto em ficar em casa, no quarto, embaixo das cobertas... existe esperança para mim, eu sei... não vejo isso com olhar fatalista...é só uma questão de hora certa...espero ver logo essa hora chegar.