7.8.12

sóis amarelentos

Para aquele garoto havia mágica em tudo... Um dia, esqueceu de contar e estacionou a vida nos oito anos de idade...mas gostava de brincar, quando as tardes se iluminavam com sóis amarelentos, que tinha apenas seis anos. Parava olhando as montanhas que formavam uma parede espessa mais ao norte... imaginava que as nuvens que vinham de lá, todas elas - brancas, fofas, de chuva - que passavam por cima da sua casa, eram como moradoras da mesma casa que ele, que apenas saíam do quarto e iam até a cozinha tomar um copo d'água...ou que estavam indo atender à porta, alguém que chamava... Divertia-se imaginando a cara do pintor que fazia aquelas montanhas um dia azul quase transparente, às vezes ocultas atrás da cerração, às vezes verdes e marrons...e ria pensando na cara que o pintor fazia quando as montanhas estavam com aquela cor incerta e feia. Na sua cabeça o pintor era uma certeza...pois que é preciso talento de artista pra fazer montanhas como aquelas, tão delicadas e tão duras, ao mesmo tempo. E era mágico para o garoto que, à noite, quando as luzes da cidade se iluminavam, era a luz daquelas serras que se apagava e, num passe de mágica, o dourado do Sol dava lugar a um vazio: no escuro as montanhas sumiam...por certo que deixavam de existir...e, no dia seguinte, não é que o pintor talentoso as refazia, logo cedinho, antes que o garoto acordasse do mesmo jeitinho que no dia anterior?
O garoto então, prometia: um dia cresceria... mas só se fosse pra também ser pintor de montanhas... aquilo, entretanto, era coisa para muito tempo: ainda haveria de se divertir muito com as caras do pintor amigo e com as nuvens que vagavam pela casa, indo e vindo...

2 comentários:

Camila Soares disse...

Meu eterno garoto...que os sóis amarelos brilhem para sempre.

Bah. disse...

Lindo! *-*
quase nunca consigo comentar mais q isso nos seus textos, fico maravilhada...