21.10.08

Comunhão

Toda a minha vida,
até aqui,
até agora,
eu andei sem religião.
Nessa hora, que meu peito aperta,
não tenho nenhum santo sequer (nenhum santinho)
pra me queixar.
Nenhuma nossa senhora
pra eu me apegar,
pra eu fazer promessa.
Ironia...
Nasci com nome de anjo.
mas quando eu nasci não desceu
nenhum anjo,
nem mesmo um anjo torto,
pra me aconselhar de nada.
Calo-me...
não sei rezar terço,
não sei o horário das missas,
não conheço o gosto da hóstia,
do corpo de Cristo.
Meu paladar sempre preferiu
o sangue dele,
em grandes goles embriagados.
A noite vai acabar,
vai virar manhã,
tenho fé nisso.
Ainda tenho tempo pra ter fé em alguma coisa
Creio em mim,
descanso em paz.
Valei-me destino meu, que é tudo o que me resta.

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